“A dúvida é o preço da pureza
E é inútil ter certeza”
(Humberto Gessinger)
Até pouquinho tempo eu desejava mudar o mundo. O modo como eu desejava fazer isso se modificava, mas eu sempre quis mudá-lo de alguma forma.
Quando mais novo, pensava até no uso da força. Tipo: matar uns senadores, sequestrar uns empreiteiros. Normal! Coisa de adolescente. Depois comecei a pensar que as coisas aconteceriam sem revoluções ou, pelo menos, sem essas ações imediatistas. Achei que das conversas de bar, nas ruas, a boa vontade e as boas ideias se multiplicariam e se amadureceriam. Armas eu nunca tive, mas tenho boca, ouvidos e olhos. Observei, li, ouvi, falei. Falei demais! Até cansar!
O sistema está posto. Não é auto-sustentável, mas tem quem o sustente, a muito custo, à custo da massa condicionada, da saúde dos sistemas ecológicos. As engrenagens não param!
Alegre e aliviado posso dizer sem orgulho e sem vergonha: Eu desisto! Há alguns meses comecei a adotar e desenvolver uma postura de "egoísmo sustentável". Creio que é preciso manter o foco em si e poupar a si mesmo dos julgamentos precipitados em relação ao próximo e ao pensamento comum. Em regra, todos os julgamentos dessa natureza são precipitados.
Talvez seja preciso analisar, mas que seja uma análise constante, sempre revista, sem objetivo de definir. Definir é limitar. E limitar a concepção dos fatos, reduzindo o universo das possibilidades, da complexidade da vida, da psique oculta por trás do comportamento de alguém, limitar isso ao nosso entendimento das coisas seria arrogância. Ser duro assim com o mundo, com as pessoas, é um autoflagelo, sem qualquer proveito. Sejamos suaves!
Talvez seja preciso analisar, mas que seja uma análise constante, sempre revista, sem objetivo de definir. Definir é limitar. E limitar a concepção dos fatos, reduzindo o universo das possibilidades, da complexidade da vida, da psique oculta por trás do comportamento de alguém, limitar isso ao nosso entendimento das coisas seria arrogância. Ser duro assim com o mundo, com as pessoas, é um autoflagelo, sem qualquer proveito. Sejamos suaves!
Não dá pra bater de frente. Nesse sistema nós valemos tanto quanto um animal de corte. Talvez menos. Somos descartáveis.
Na busca do bem estar, a única solução saudável que imagino, é me manter à margem. Tentando não ser uma parte ínfima de um exército inconsciente, força motriz dessas engrenagens, tampouco forçando contra, correndo o risco de ser esmagado entre suas rodas dentadas. Quero só estar por fora, na boa! Quero ser um marginal! Feliz, como só é possível ser estando fora dessa roda viva. Podendo observar quando quiser, com distância calculada.
“seja marginal
seja herói”
(Hélio Oiticica)
Quero ser o marginal que cuida de si, pra ser um homem tranqüilo! Ser bom nas relações... Bom irmão, parceiro, pai, vizinho, amigo... Bem relax! Quero ser o meu leve herói! Sem cantar hinos, nem queimar bandeiras.
Só...