quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mundo Novo

(Córrego da Coruja - São João do Oriente - MG)

Há muita beleza nesse poeirão e nesse mato seco de agosto!
Desde que as águas venham a tempo, a gente aguenta, feliz! Nas águas gosto de ver os pequenos canais que atravessam o caminho. Molho os pés, me refresco, fico olhando a água que corre deliciosamente fria. A luz refratada, as sombras na superfície ondulada, o cascalho no fundo. O sol tocando meu peito, aquecendo tudo na medida certa. Coisas tão bonitas quando a gente pode parar e olhar bem devagar, e sentir...

À tardinha, com o Sol já escondido por trás das montanhas, a caminho de casa pela estrada de saibro, ando descalço pra sentir melhor o chão. As pedrinhas não me machucam mais. Acariciam e massageiam a sola dos meus pés, sinto o efeito em todo o meu corpo. Com as Havaianas nas mãos vou fluindo pela estrada sob a surpreendente luz da Lua crescente. Conectado assim com a energia da Terra, me sinto em plena alegria e paz.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Por que cargas d'água?

Nem sou de dividir essas pequenas e inusitadas questões súbitas e passageiras aqui no blog ou em qualquer ambiente virtual ou real. Mas hoje fiquei incomodado com uma pergunta que nem sei como nem por que me veio à mente. A saber:

Por que cargas d'água as pessoas dizem "cargas d'água"?

Dei uma pesquisada. Podia ter só perguntado ao meu pai filólogo, mas o Google tem uma vantagem que torna inquestionável a sua primazia nessas demandas: se eu me cansar da explicação, é só eu parar de ler e partir pra outra, ou não.

Nem gostei de nenhuma explicação que encontrei, então vou contar do meu jeito simples e resumido que é assim:

"Carga d'água" (volume/massa de água) pode ser uma tempestade forte, grandes ondas no mar revolto, ou fortes correntezas, e na época em que a expressão surgiu (séc. XVI), admitia-se também, subentendido, em última instância, eventos ligados a monstros dos mares.

Às vezes uns portugas partiam para pescar na ilha da Madeira ou nos Açoures, mas por alguma "carga d'água" chegavam ao litoral da Galiza, do Marrocos, ou até de Guiné Bissau. Com muito mais freqüência se perdiam por ali mesmo e desembarcavam em alguma região de Portugal que nunca foi rota nem destino de navegação nenhuma, uns fins-de-mundo ruins de pesca, sem minérios, sem pimenta, sem nenhuma dessas coisas em que os portugueses se amarravam.

Os portugas locais sem nenhuma auto-estima, ansiosos por explicações, pois sabiam que jamais algum navegador ajuizado chegaria até ali propositalmente, somente por imprevistos climáticos (ou ataques de monstros), perguntavam-se:

"Por que cargas-d'água esses gajos vieram parar aqui?"

Compreendeu? Então tá!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sobre hinos e bandeiras


“A dúvida é o preço da pureza 
E é inútil ter certeza” 

(Humberto Gessinger) 


Até pouquinho tempo eu desejava mudar o mundo. O modo como eu desejava fazer isso se modificava, mas eu sempre quis mudá-lo de alguma forma. 

Quando mais novo, pensava até no uso da força. Tipo: matar uns senadores, sequestrar uns empreiteiros. Normal! Coisa de adolescente. Depois comecei a pensar que as coisas aconteceriam sem revoluções ou, pelo menos, sem essas ações imediatistas. Achei que das conversas de bar, nas ruas, a boa vontade e as boas ideias se multiplicariam e se amadureceriam. Armas eu nunca tive, mas tenho boca, ouvidos e olhos. Observei, li, ouvi, falei. Falei demais! Até cansar! 

O sistema está posto. Não é auto-sustentável, mas tem quem o sustente, a muito custo, à custo da massa condicionada, da saúde dos sistemas ecológicos. As engrenagens não param! 

Alegre e aliviado posso dizer sem orgulho e sem vergonha: Eu desisto! Há alguns meses comecei a adotar e desenvolver uma postura de "egoísmo sustentável". Creio que é preciso manter o foco em si e poupar a si mesmo dos julgamentos precipitados em relação ao próximo e ao pensamento comum. Em regra, todos os julgamentos dessa natureza são precipitados.

Talvez seja preciso analisar, mas que seja uma análise constante, sempre revista, sem objetivo de definir. Definir é limitar. E limitar a concepção dos fatos, reduzindo o universo das possibilidades, da complexidade da vida, da psique oculta por trás do comportamento de alguém, limitar isso ao nosso entendimento das coisas seria arrogância. Ser duro assim com o mundo, com as pessoas, é um autoflagelo, sem qualquer proveito. Sejamos suaves! 

Não dá pra bater de frente. Nesse sistema nós valemos tanto quanto um animal de corte. Talvez menos. Somos descartáveis.

Na busca do bem estar, a única solução saudável que imagino, é me manter à margem. Tentando não ser uma parte ínfima de um exército inconsciente, força motriz dessas engrenagens, tampouco forçando contra, correndo o risco de ser esmagado entre suas rodas dentadas. Quero só estar por fora, na boa! Quero ser um marginal! Feliz, como só é possível ser estando fora dessa roda viva. Podendo observar quando quiser, com distância calculada. 

“seja marginal
 seja herói” 

(Hélio Oiticica) 


Quero ser o marginal que cuida de si, pra ser um homem tranqüilo! Ser bom nas relações... Bom irmão, parceiro, pai, vizinho, amigo... Bem relax! Quero ser o meu leve herói! Sem cantar hinos, nem queimar bandeiras.

Só... 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Fuga(z)

Vontade de fugir, pra onde não haja você na rotina.
Onde não haja o quartinho de empregada,
O cobertor que a gente usava,
A roupa que você me deu...
Ou qualquer objeto que me assuste com lembranças...
Quero ir pra longe dos lugares por onde passávamos fazendo planos
Quero tirar você da minha pele! Tirar sua mão do meu cabelo!
Seu cheiro das minhas narinas.
Quero agora que meu corpo esqueça
Como é sentir no meu peito o pulsar quente do teu sangue.
Aqui as memórias de ti se impõem!
E ocupam tanto espaço, que nada mais cabe.
Quero estar onde você nunca pisou!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Velha morte

Quero morrer!
E nascer só na semana que vem!
Sinto falta da morte em catarse.
Pode ser questão de idade.
Acho que meu próximo fim será lento.
E pode não estar tão próximo assim. Estou resistente.
Definho, definho... depois me recupero, devagar... bem devagar.
Os venenos que me resolviam... agora só me debilitam.
Fico incapaz até de uma morte digna... que me faça nascer mais leve.
Eu quero! Eu preciso!
Mas me sinto velho e cansado demais... pra morrer.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A gente só erra quando tem certeza, né?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Porra, Santo Antônio!

Eu no meu quarto.
Ouço os sinos que anunciam o início da festividade na Igreja de Santo Antônio.
Quem toca os sinos percebe que dá pra tentar em ritmo de funk.
E fica tentando... por uns 15 minutos.

Uns foguinhos.
Começa a festa! Com um...

... Leilão!
“Trinta reais! Quem dá mais? Quem dá mais?”
“Quarenta reais!”
Leiloeiro bem vil. Jeitão de 171.
...
Quadrilha improvisada e uma ‘animadora’ gritando ao microfone.
Prosódia, timbre, vocabulário vulgar.
Bem 'cachorra'. Estilo Furacão 2000.

As horas passam enquanto cinco músicas se repetem.
Só duplo sentido! Assim, ó:

     Fede pra danar, mas é gostoso
     O bicho é feio, é fedorento, é cabeludo
     Mas na verdade
     Todo mundo acha gostoso

- Vai um gambazinho frito aí?
- Claro que não!

     Na dança do cossaco, não fica cossaco de fora

Beleza! Nesse frio não dá pra ficar cossaco de fora mesmo, né!

E a louca grita o tempo todo pra ‘animar’ a festa.
Fim de festa. Fogos! Sem graça.
Mais uma tentativa de badalar um funk.
Uns 15 minutos de tentativa.
Minha impressão é de que “tá dominado, tá tudo dominado”! 
...
Aaaaah!.. Porra, Santo Antônio!
Isso é muito populismo!
Sai dessa! Que decadência!
Desse jeito, no próximo ano a comemoração será com um baile no Salgueiro!

domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados (carta)

Hoje eu queria ter te acordado com beijinhos no rosto, ver seu sorriso se abrindo antes dos seus olhos... o sorriso maior e mais bonito do mundo: o seu sorriso pra mim de manhã. Te abraçar bem gostoso. Curtir sua manha. Tomar um café devagar... docinho. Ouvir seus planos, suas gracinhas, implicâncias. Te aturar, implicar e te dar carinho. 

Gosto de te olhar, observar seu jeito leve, suas curvas. De pé, se arrumando, caminhando. Linda e gostosa! Meu número! Te dar um cheiro... na testa, no rosto... Ver seus desenhos, conversar, conversar, morder. Te agarrar no corredor e ver sua luta interna, sua fraca resistência. Ser envolvido por esses olhinhos pretos tão espertos. 

Queria... quero sempre, carregar metade das suas dores, carregar pra longe! Com alegria! À noite, quem sabe, dividir um miojo, no chão do quarto, ou na cama. Um prato só. Sentir as energias renovadas pra semana que vai começar. Inspirado, feliz! 

Claro que o clima hoje não é pra isso. A realidade é outra. Outros sentimentos. Outra relação. Mas era bom sentir o que eu sentia... Era bom sentir seu amor! Mas vamos nos ajudando, nos adaptando, nos entendendo, nos distraindo, nos alegrando. 

Hoje eu queria dizer que te amo! Amiga da minha alma! Minha grande parceira! 

Eu te amo! 

Feliz Dia dos Namorados!

Meus sonos...

Meus sonos tem sido perturbadores!
Que pessoa angustiada eu me tornei!
Acordo assustado:
"Que lugar é esse?"
Calma, Marcílio! Você está na Terra!
... Ainda!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Falaê, Darwin!

... Existem os animais quadríps, e os animais bíceps!

(Rodrigão Ferreira)

Calor e doçura

Em busca de mais calor e doçura pra minha vida, estou só ganhando peso!

Namorando

Namoro com o vazio
Ao vazio o amor vai...
E volta
Incrivelmente frio

Mudar é difícil

Mudar é difícil!
Abandonar vícios, vaidades, certezas...
Nos dias em que consigo me sinto leve, bonito!
Nos dias em que não, tudo é solidão.
Quero ser menos!


Viagem hipocondríaca

Embarco no ônibus de Muriaé para Dom Cavati cheio de fome com minha marmitinha de apressado. Sento na poltrona 7, ninguém comigo, vou comer e dormir. Duas senhoras nas poltronas da frente retomam a conversa acerca de todas as mazelas de seus idosos corpos. Me esforcei e almocei na boa. 

Tinha uns lugares vagos lá atrás, quando me levantei pra minha fuga veio uma tiazinha falar com o motorista: “Moço! O senhor pode parar em algum lugar pra limparem o banheiro? Já estou passando mal com o cheiro!... Tô enjoada...” Fiquei onde estava. 

As inconvenientes senhoras faziam uma recapitulação das melhores patologias e indisposições que já curtiram. O sono ia me apanhando enquanto eu ouvia toda sorte de nomes de doenças. Cochilei bem. Acho que por mais de hora. Fui despertando com o papo das duas... ainda sem assimilar direito: “blá blá blá, blá blá blá, blá blá meu irmão com ALZHEIMER!” 

Ah! Tá de sacanagem? Acordei assustado com “Alzheimer” ecoando na minha mente e pasmo com o rendimento da conversa. Tá! Me acalmei... Passando por Caratinga, na última meia-hora de viagem, a mais insuportável das senhoras resolve falar dos netinhos: “Tenho seis netos! São UMAS PRAGAS!...”

domingo, 5 de junho de 2011

Saudosismos e Raça Negra

Engraçado como na minha infância e adolescência, e acho que até pouco tempo atrás, eu tinha uns saudosismos loucos. Sentia saudade até da época em que meus pais se casaram. Aí já é demais, né! Eu pensava no casório dos dois: O fusca branco, o terno xadrez cinza em que cabia dois do meu pai, a igreja abarrotada como não se vê mais. E tudo tinha aquele charme das boas fotografias em preto-e-branco. Pelo menos essa era a idéia que eu fazia. Mas hoje não tenho mais esses saudosismos esquizofrênicos. Era um saco. Uma subestimação boba do presente e do real, uma fuga, acho que por não ter a coragem necessária pra viver bem o presente e o real, me refugiava nesse mundinho, e na crença de que no passado tudo era mais legal. Mesmo um passado que eu não conheci. 


Loucura parecida e também muito em voga na minha infância e adolescência era aquela paixonite que a gente inventava, estimulada e sustentada pelas músicas do Raça Negra. Hit novo do Raça Negra, a gente ouvia, ouvia, ficava todo abobado, romanticozinho, com uma sofreguidão louca. E por quem? Ah! Isso decidia-se depois, era a parte mais fácil, sempre tinha uma feiosa cujo charme só a gente conseguia enxergar, ou uma bonitinha que morava meio longe, tipo na Austrália. Ou uma menina sofrida que tinha um pai bem violento que botava o terror. Tanto faz! O importante era inventar uma paixão irrealizável, não mover uma palha pra fazê-la mais viável, curtir essa dolorida distância física ou circunstancial, criando a atmosfera necessária para compartilhar do clima sentimentalóide e dar sentido à música do Grupo Raça Negra. Ê, paixão!

sábado, 28 de maio de 2011

Ultraconservadores religiosos contra kit anti-homofobia

Alguns amigos gays já se queixaram comigo, algumas vezes, a respeito do machismo e da homofobia enraizada na sociedade brasileira. Confesso que demorei a entender, eu pensava que homofobia era um problema isolado, problema de algumas pessoas. Bom seria! O problema é sim social, é um problema educacional. A homofobia, tal como o racismo (acho que hoje muito menos que a 20 anos), está presente na nossa formação. Pra deixarmos de ser homofóbicos precisamos assumir, enquanto sociedade, e enquanto indivíduos, que o somos.

No último dia 18 recebi um e-mail com link para uma petição pública redigida em nome de uma instituição (nada séria, a julgar pela petição) chamada FENASP (Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política), destinada ao Senhor Ministro da Educação e “aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em suas várias esferas de Governo”. O título era “PETIÇÃO CONTRA “KIT GAY” (KIT DE COMBATE À HOMOFOBIA NAS ESCOLAS). O e-mail foi enviado por uma conhecida, e o texto do e-mail dizia apenas o seguinte:

“Caros Amigos, 
Acabei de ler e assinar esta petição online:”

Não costumo perder meu tempo lendo e-mails que não concernem a minha vida pessoal ou profissional, mas abri porque até então não tinha ouvido falar em tal kit e, sobretudo porque percebi certa distorção e a manipulação logo no título! Podiam pelo menos começar a sacanagem no decorrer do texto. Enfim...

Seguem palavras do próprio Ministro da Educação, Senhor Fernando Haddad a respeito do kit, proferidas durante o programa de rádio “Bom Dia, Ministro”.:

“O material encomendado pelo MEC visa a combater a violência contra homossexuais nas escolas públicas do país. A violência contra esse público é muito grande e a educação é um direito de todos os brasileiros, independentemente de cor, crença religiosa ou orientação sexual. Os estabelecimentos públicos têm que estar preparados para receber essas pessoas e apoiá-las no seu desenvolvimento”.


O kit foi elaborado por entidades de defesa dos direitos humanos e representantes da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) motivado pela falta de material adequado e preparo dos professores para tratar do tema. O material é formado por cartazes, um livro com sugestão de atividades para o professor e três peças audiovisuais.

A previsão do ministério é que os kits cheguem às escolas no segundo semestre de 2011. O material é voltado para alunos do ensino médio – a partir dos 15 anos.
É notório o fato de que na petição, tal como no e-mail, não consta link para textos oficiais a respeito do kit. Omitir as fontes é comum aos textos de organismos ligados a igrejas evangélicas. É ainda mais notório e assustador, o fato de que o texto não trata do conteúdo do kit, desperdiçando assim uma excelente oportunidade para essa pertinente discussão pública (falsamente tocada na petição). Mas claro! Não querem discutir, querem apenas assinaturas obedientes do máximo de “ovelhas”!

Quando leio uma petição pública destinada a um ministro e “a todas as esferas do governo”, espero que haja pelo menos coesão no texto. Nesse caso não houve, em nenhum momento.

O título já é MALICIOSO, não existe “Kit Gay”! Se fosse uma petição séria, redigido por pessoas sérias, por motivos sérios, não dariam esse título a ela. O nome do kit é “Kit de Combate à Homofobia nas Escolas”, e é assim que deve ser chamado, sobretudo em um texto dessa natureza.

Na própria petição os redatores já defendem o uso da maliciosa denominação para o kit (todos os parágrafos com recuo de texto e fonte em itálico foram copiados integralmente da petição em questão. A ver.):

“Segundo os defensores da distribuição do aludido material, o mesmo não deve ser tratado como “Kit Gay”, mas, sim, como “Kit de Combate à Homofobia nas Escolas”. O nome que se dê ao mesmo, na verdade, tem menor importância que o seu real conteúdo e intenção!


Certamente o nome tem menos importância, mas tem muitíssima importância! O modo como o público será preparado para receber o kit pode fazer toda a diferença. Se por exemplo, reacionários evangélicos difundirem uma denominação como “Kit contra a família”, ou algo parecido, o kit seria o mesmo, mas a reação da seu fiel público mudaria muito. O título "sutilmente" pejorativo (passado de boca a boca) precede maliciosamente o texto.

Gera uma resistência preconceituosa no público-rebanho em relação ao kit. “Kit gay”: ruim! “Kit contra homofobia nas escolas”: excelente e necessário!

Abaixo, os redatores sugerem aos crentes (não em Jesus, mas neles) que os recursos públicos serão utilizados para incentivar práticas homossexuais, sendo tal incentivo a finalidade do kit.


“Certo é, contudo, que o combate à homofobia (que significa repulsa aos homossexuais) não pode ser confundido com o incentivo à conduta homossexual – na realidade, esse é o objetivo concreto do aludido kit. Os recursos públicos, outrossim, não podem ser utilizados para o incentivo estudantil de práticas homossexuais, mas, sim, o podem para o desestímulo das condutas discriminatórias.”


O parágrafo acima sugere — aliás, afirma — que o “aludido kit” estimula práticas homossexuais. Será que esse pessoal da FENASP se sentiu estimulado?

Seguindo com o pior parágrafo de todos! Só serve pra confundir a cabeça dos pobres crentes:


“Não se trata, frise-se, de um argumento religioso (embora nosso Estado seja laico, ou seja, não adote uma religião oficial, devemos considerar que o mesmo não é ateu – vide, a esse respeito, a citação de Deus no preâmbulo da nossa Carta, um Deus com “D” maiúsculo, digno de conceder proteção), mas, sim, de resguardar as liberdades constitucionais. “

Não se trata de argumento religioso, porque até então não foi apresentado argumento algum, pelo menos nenhum argumento claro. Outra coisa: “Deus” na Constituição é um engano. As igrejas lutam freqüentemente pra manter a citação a Deus na Constituição, e nos momentos oportunos se valem do fato da citação estar lá, como fizeram nesse texto. Defendem a permanência para permanecerem se valendo disso. Muita sujeira!

Caros redatores, eu sei que vocês sabem, mas deixe seus leitores saberem: Se o Estado é laico, (obviamente) não é ateu, mas sim agnóstico. O Estado não deve observar questões dessa natureza, ser ateu é de alguma forma observar tais questões e por conseguinte negar a existência de Deus. Mas não quero ensinar missa ao vigário. Vocês sabem disso.

Seguindo:

“Nesse passo, o que nos impressiona é que o Sr. Toni Ramos, presidente da ABGLT, cita o texto bíblico de João 15:12 (“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”) como uma “boa nova” para defender que ele, Toni, tem o direito de amar o seu companheiro, como o faz há 21 anos. Ou seja: os defensores do movimento LGBT podem se utilizar das Escrituras para fundamentar seu posicionamento, ao passo que os religiosos, com base no mesmo Documento, não o podem? Não seria isso, então, uma espécie de preconceito, que o aludido movimento quer tanto combater? “

Como se viesse ao caso, procurei, mas não encontrei em nenhum lugar, uma outra citação a essa “declaração” do Sr. Toni Ramos. Gostaria de fontes! Algo assim fora do contexto é muito perigoso. Creio que seja mais um recurso sujo utilizado em um texto confuso por pessoas pequenas. Apenas. Nesse parágrafo os redatores perdem o foco, quando discutem os direitos dos defensores do movimento LGBT. Até onde sei, esse não é o objeto da petição. O que o Sr. Toni Ramos disser pra defender qualquer movimento, enquanto não entrarmos nesse mérito, será problema estritamente dele, do movimento, e dos que se opõem a ele. Ah, claro! Sim! Vocês se opõem! Mas façam isso em outro texto, por favor! Tá confuso!

Observem como invertem os papéis, e ainda usam o recurso da repetição para inculcar na mente das ovelhas que a finalidade do kit é “incutir comportamento LGBT”. Parágrafo muito confuso:

“Ainda aqui, esse mesmo movimento que quer incutir na sociedade escolar o comportamento LGBT, discrimina os religiosos, alcunhando-os de fanáticos... se a questão é de igualdade, no mesmo passo em que deve haver a repressão à homofobia (reitere-se, que é diferente da discordância à conduta homossexual), também deve haver no que toca à teofobia. E, em razão disso, o debate intelectual e científico, retorne-se, deve ocorrer.”

“Teofobia”? Até onde eu sei, vocês são os mais “tementes a Deus” (piadinha!).

Caros! O “comportamento LGBT” está em todos os lugares. Ou, pelo menos, o homossexualismo está. O mote da campanha é a diminuição, ou extinção, da discriminação dos homossexuais.

O “movimento” discrimina religiosos os alcunhando de fanáticos? E quando fazem isso? Creio que o fazem quando tais religiosos tentam convencê-los a mudar de comportamento. E o fazem recorrendo a autoridade de textos e imagens metafóricas! Apenas! Assim sendo, a alcunha de fanáticos é muitíssimo bem aplicada. Isto posto, evitem falar em “debate intelectual e científico”. Isso, no mínimo, beira ao ridículo.

Uma breve e única citação ao material em questão:

“Destarte, nas mesmas notas taquigráficas ficou registrado que, em um dos 'materiais didáticos', haveria um beijo lésbico na boca e, nos dizeres do Sr. André Lázaro, Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, “Ficamos três meses discutindo até onde entrava a língua.” O Sr. Rodrigo de Oliveira Júnior, também representante do MEC, por sua vez, expôs: 'o trabalho que nós realizamos com a Pathfinder foi voltado para a educação básica, de informação e de conscientização na educação básica'. 

Única observação pertinente: O Senhor Secretário de Educação mostrou-se assaz detalhista! Mas fica claro que usou de uma hipérbole pra expressar o cuidado que ele e as as pessoas envolvidas tiveram na elaboração e realização do material.

Seguindo:

“Basta salientar, aqui, que a educação básica abrange crianças e adolescentes, em regra, de 6 a 15 anos, e que, em razão da tenra idade, ainda estão na fase de formação de suas personalidade e valores, com a capacidade crítica não plenamente maturada, restando ainda mais suscetíveis a todo e qualquer material ‘informativo’.”

Minhas caras ovelhas, “a educação básica abrange crianças e adolescentes, em regra, de 6 a 15 anos”, isso não significa que as crianças de 6 e os adolescentes de 15 são tratados da mesma maneira. Assim como não se estuda conceito e estrutura de átomos aos 6 anos, essas questões também serão apresentadas aos alunos com idade que esteja de acordo com o conteúdo. Parágrafo extremamente parcial, como todo o texto.

“Suponhamos que, amanhã, se inicie um movimento organizado que pretenda ver reconhecido o direito de as pessoas se casarem com animais, sob o fundamento da liberdade e da dignidade da pessoa humana. Ora, respeitar tais pessoas não significa que tenhamos que abrigar tal “direito” nas leis de nosso país... e isso é uma questão de lógica.” 

Meus caros! Primeiramente, nota-se mais uma vez que o texto não trata da questão do kit. É um texto desesperado que ataca a questão dos direitos civis dos homossexuais. Nota-se isso, aqui, quando os redatores pendem o foco(?) do texto (que deveria ser a questão do kit) e tratam da questão dos direitos civis dos homossexuais.

Pessoas são pessoas. Pessoas adultas são pessoas adultas. Bem diferentes de macacos, também diferentes de crianças. Se dois homens adultos querem manter uma relação estável, eu espero sim, que a sociedade lhes conceda todos os direitos comuns aos casais heterossexuais. Não importa aqui, o sexo do companheiro. O “problema” é do casal.

“E mais. Guardadas as devidas proporções, e para nos auxiliar no raciocínio, podemos respeitar o criminoso (conferindo-lhe os direitos humanos que lhe são subjacentes, na persecução penal, no cumprimento da pena e quando egresso do sistema carcerário), e, ao mesmo tempo, não ser favorável à sua prática. Não é por acaso que uma penalidade lhes é imposta...” 

Aqui faz-se um paralelo:

   criminoso (respeitável)       /         crime (errado)

homossexual (respeitável)      /      homossexualismo (errado)

Se em uma religião crê-se que o homossexualismo é uma CONDUTA errada, o religioso é quem, se quiser estar de acordo com a sua religião, deve tratar de não ser homossexual. Isso não lhe concedo direitos de impor suas doutrinas ou opiniões fora âmbito da igreja.

A seguir o texto faz uma comparação muito mal equiparada. O que é coerente com a intenção do texto. A saber, confundir seu público crente:

“Outrossim, não precisamos que um negro apanhe, em plena sala de aula, para dizer que a escravatura é inconcebível. Da mesma forma, não precisamos mostrar cenas explícitas de homossexualidade a menores de idade, incentivando-os ao comportamento, para lhes dizer que não devem ser homofóbicos.” 

Aqui, fingiram usar o recurso de “espelhar” duas situações distintas, para ilustrar a discussão, o que poderia ser bom. Então vou corrigir a comparação colocando as situações de maneira espelhada. O parágrafo ficaria assim:

“Outrossim, não precisamos que um negro apanhe, em plena sala de aula, para dizer que O RACISMO é inconcebível. Da mesma forma, não precisamos mostrar cenas explícitas de HOMOSSEXUAIS APANHANDO EM PLENA SALA DE AULA a menores de idade (...) para lhes dizer que não devem ser homofóbicos.”

No parágrafo original há “incentivando-os ao comportamento”. É possível que os redatores tenham fortes inclinações homossexuais, posto que consideram tão estimulantes cenas dessa natureza.

Nota-se por esses apontamentos que a petição é falsa! O mundo inteiro pode assiná-la, mas ela de nada servirá, posto que o texto é de péssima qualidade. Não tem coesão. É unilateral, tendencioso! Aparenta ter sido redigido estritamente para servir de propaganda aos desejos de uma minoria que domina as massas evangélicas. Essa minoria se aproveita de todas as polêmicas possíveis para acostumar seu público a ser guiado em todas as questões morais, na vida pessoal ou nas questões políticas mais importantes. No fim, trata-se, como sempre se tratou, exclusivamente de uma busca permanente de expansão de poder político, seduzindo corações e mentes, dissimulando suas intenções vaidosas por trás da fraude de uma santa missão.


Fontes:

http://www.fenasp.com/2011/05/09/manifesto-contra-o-%E2%80%9Ckit-gay%E2%80%9D-kit-de-combate-a-homofobia-nas-escolas/


http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N8370


http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/haddad+nega+que+mec+ira+alterar+conteudo+kit+contra+homofobia/n1596964672139.html

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Brasil...

O Brasil tá muito mais pra Bolsonaro que pra Gabeira!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Idiotice ostensiva: recurso de socialização para pessoas vulgares


O idiota hoje é muito mais socialmente aceito do que aquele que age com um mínimo de inteligência, bom-senso, bom-gosto, sofisticação, requinte ou qualquer característica que demande um pouco mais de controle de si, de maturidade, e que em nada comprometem o bom-humor, a simpatia, a alegria.

Os idiotas mais estúpidos precisam falar o tempo todo, fazer gracinhas, piadinhas, manter a atenção em si, ou no máximo em seus amiguinhos que compartilham da mesma vulgaridade. Naturalmente, lançam mão a todo o seu repertório de babaquices para manter os “não-idiotas” constrangidos e conseqüentemente calados, afinal caso o clima mude e o nível se eleve, ele estará perdido: Todos poderão observar que o que distingue o idiota dos demais não é a capacidade de ser engraçado, aliás, ser um engraçadinho boçal, portador de uma burrice tão extravagante, não deve ser considerado uma capacidade, mas uma grande limitação), o que o distingue dos demais é a sua falta de sensibilidade, de inteligência e de conhecimento de algo que tenha alguma importância real no mundo. Escalação do Flamengo não se inclui nessa categoria, tá claro?

Caso haja alguém assim te atormentando, retire-se! Se você reclamar, provavelmente alguém irá lhe dizer “ele é assim mesmo”, “é o jeito dele”, “é brincadeira” e pra acabar de vez com a sua paciência, o tiro de misericórdia: “você tem que levar na esportiva!” Cara... Só se o esporte for tiro ao alvo!

Justificar dessa maneira positivista tal comportamento é ser muito permissivo com uma atitude tão impertinente e tão rude. Acho que dificilmente agiriam assim se o alvo das brincadeirinhas por fim se indignasse e demonstrasse com a mesma veemência o seu descontentamento. Ser idiota pode! Ficar puto com as idiotices mais ostensivas não pode! Viva a idiotice!

Quando alguém assim fizer uma piada escrota contigo, lembre-se de jamais dizer: “que sem graça” ou “que inconveniente”. Sorria levemente e vá dar um rolê! A Idiotice impera! É você o marginal! Apenas mantenha-se à margem!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vertigem e frio de queda livre todos os dias de manhã.
Hoje acordar é cair.


sábado, 7 de maio de 2011

Sensação de um vazio
Quente e frio no estômago.
Incapacitante dor, ora instigante,
Confunde, sufoca... Inspira, expande.

quinta-feira, 5 de maio de 2011


Início do que
Meio do onde
Fim do porém


De noite, na cama
Dá uma vontade de... sei lá...
E a gente tenta descobrir o que é e... nem consegue...
Até que o sono vem.
Bem tarde...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Deixei de ser ativista...

Deixei de ser ativista... Vou tentar um egoísmo sustentável.