sábado, 15 de maio de 2004

O Incrível Jogador de Bola-de-Gude Que Mira com os Ouvidos: Eu

Uma vez eu estava jogando bolinha-de-gude com um amigo. Sempre fui um grosso nesse tipo de brincadeira. Jogávamos no campinho que tem perto da minha casa, um campinho que fica no meio de uma ladeira. Uma ora joguei a bolinha com estupidez maior que a de costume e ela rolou ladeira a baixo. Fui atrás e a encontrei em um lugar de onde não se tinha a visão do campinho, então gritei:

— TUTY!!!
— O quê?!
— Fica perto da sua bola!
— Pra quê?
— Vai pra perto da sua bola e dá um grito que eu vou tentar acertar!

Ele riu, mas foi. E gritou:

— A BOLA TÁ AQUI!
— Tá na sua esquerda ou na sua direita?
— Na minha direita!
— ... Faz o seguinte: se abaixa e dá um grito pertinho da bola!
— Tá aqui, porra!!!
...
— Agora sai de perto, cabeçudo!

E eu joguei...

...
 "TEC"

Corri lá pra cima pra conferir, realmente acertei. Aí eu ri até cair no chão. Imagina!

Mas, você acredita que o maluco me fez voltar a jogada? Pois é! O cara de pau alegou que eu tinha feito "ganso":



— Você esticou o braço! Pode voltando! E vê se joga direito!
— ... ? ...
... ... ...
— ... P.Q.P.!!!

E.T.s F.D.P.!

Era uma noite de clima muito agradável... Eu estava dormindo, muito bem por sinal. Bem até demais! Quando por algum motivo entrei naquele estágio do sono em que conseguimos fazer algumas observações com certa consciência. Reparei que eu não estava encostado na cama, não estava encostado em nada. "— Caramba! Eu estou voando!".


E... "POOOU" na cama!


Caí! Caí sobre minha cama fazendo um barulho absurdo. É claro que ninguém acordou, pois os alienígenas haviam sedado a todos com alguma técnica de tele-hipnose que nós, terráqueos, ainda desconhecemos.

Não entendo porque, mas depois que eu acordei eles não insistiram na abdução. Naquele momento eu fiquei atordoado, não sabia se era um sonho ou se era real, e eu estava tão chapado com aquela hipnose que não resisti e dormi.

Os únicos sinais que eles deixaram foram: uma seqüela muito doida, resultado da tele-hipnose que, se frustrada (como foi), causa danos terríveis ao cérebro; e aquela maldita dor na perna, resultado da queda, que me deixou manco por dois dias.


Tenho certeza de que pra eu curtir um sono tão gostoso naquela noite, me aplicaram o golpe "boa noite, terráquio". 


Extra-terrestres filhos da puta! Vocês me pagam!!!

O Disco-Voador da Good Year

Às vezes a gente conta umas mentiras só pra fazer graça, mas aquilo acaba se tornando "verdade".

No último ano do século passado as pessoas estavam muito preocupadas com o 'Final dos Tempos'. Será que os sinais viriam dos céus?

Eu estava em São João do Oriente, no leste de Minas. Era noite e a macacada da minha família fazia aquela bagunça na sorveteria da cidade. De repente vi surgir no céu o dirigível da Good Year que sobrevoava aquela região de Ipatinga à Caratinga havia mais de uma semana. Mas acho que era a primeira vez que ele passava à noite com aquelas luzes acesas clareando todo o balão e nos remetendo à figura de um disco-voador.

Aí eu aproveitei:

— CARACA!... OLHA O DISCO-VOADOR!

Eu só queria ser engraçado. Eu juro! Não queria fazer ninguém chorar! Mas foi a maior gritaria, a maior choradeira que eu já vi. Tinha gente dizendo aos prantos: "É A PRIMEIRA VEZ QUE EU VEJO UM DISCO VOADOR"...

Como há um morro bem alto na cidade e o Zepelim estava prestes a sumir por trás dele, eu previ o "desaparecimento do O.V.N.I." e cochichei com meu primo:

— Pô! Agora que ele vai "desaparecer nos céus" a mineirada vai pirar!

Dito e feito! Quem buscava outras explicações, nesse momento aumentou o coral dos que "pela primeira vez estava vendo um disco-voador":

— "UAI! O trem ta sumindo!... Rapaizi!... CREDO EM CRUZ, AVE MARIA!... Alá!... SUMIU!"

... O clima foi de êxtase. Fiquei sem graça de dizer que eles haviam acabado de participar da maior pagação de mico coletivo do mundo.

... ... ...

Até hoje tem gente que vem me falar daquele disco-voador... Ninguém merece!

sexta-feira, 7 de maio de 2004

O atropelamento

Hoje passei por uma experiência que julgo inesquecível, um acontecimento que elevou minha alma e meu corpo, elevou a aproximadamente dois metros. Sim! Hoje, pela primeira vez: Fui atropelado!


Estava voltando elegantemente da minha aula de Psicologia da Educação (aula que eu julgava tão incômoda quanto um atropelamento), quando já na calçada da UERJ vi, uns duzentos metros adiante, uma mulher gritando e apanhando bonito de um malandro, virei a cara e pensei: "que feio, um casal caindo na porrada no meio da rua!". Dei mais uns passos e percebi que a mulher lutava para manter consigo sua bolsa e gritava por socorro. Era um assalto! Nisso, comecei a correr em direção a eles, quando, um outro homem, na direção contrário a minha, também percebeu o assalto e tomou a mesma atitude, o bandido, espertamente calculou as distâncias de seus dois perseguidores e fugiu na direção do que estava mais distante: Eu. Enquanto corríamos feito dois cavaleiros medievais, dois kamikazes, dois antílopes etc., eu pensava se voaria no seu peito e na sua cara, ou se aplicaria uma rasteira. Em atitude de desespero, ele decidiu atravessar a rua, mesmo sem saber se vinha ou não algum carro, pois havia um ônibus enguiçado numa das pistas tirando assim tanto a sua visão da rua quanto a minha. Era melhor arriscar, e ele arriscou. Atravessou sem nenhum problema. E eu pensei "seja o que Deus quiser" e...

Era um carro preto, reparei a cor enquanto eu voava, pensei também na minha aterrissagem: "Como será?". O atropelamento em si até me pareceu macio. Enfim, após algum tempo e algumas reflexões sobre as aulas de Psicologia, pousei! Poderia ter sido melhor, mas poderia ter sido muito pior. Cheguei ao chão, mas continuei girando... Parei. Fiquei menos tempo estatelado no chão do que havia ficado suspenso no ar.

Levantei-me com as pernas trêmulas. Primeiro procurei meu tênis, reparei que minha calça estava vergonhosamente rasgada e eu vergonhosamente sujo. Uma multidão de meia dúzia de cinco pessoas me cercou, todos preocupados e atenciosos, me ofereceram ajuda, carona, perguntaram várias vezes se eu estava bem...: "E as pernas...?"; "Respira fundo!"; "Estufa o peito!"; "Vamos pro hospital!"; "Vamos pra UERJ"...

Acabei aceitando do meu atropelador, uma carona até minha casa, não por não me sentir fisicamente bem para andar, mais porque eu estava com um aspecto desonroso, poderia até bagunçar o cabelo e dizer que sou 'punk', mas a idéia da carona me pareceu mais razoável.

Cheguei à casa e havia uma mulher pedindo roupa para alguma campanha de caridade, mas quando ela me viu —coitada! —, achou que a situação ali estava braba e foi embora.
... ... ...
Minha mãe me disse que eu não tenho que "dar uma de herói". Dispenso esse tipo de comentário. Não dá pra ser indiferente nesses casos tão absurdos.
... ... ...
Afinal: Indignar-se com injustiças não faz mal a ninguém! Atropelamento é que faz!

quarta-feira, 5 de maio de 2004

Uma foto velhinha...

Eu sou o ridículo de preto. Os outros ridículos são: Adriano (a perua
rasta), Leandro (a Vovó Mafalda), e Léo (o roqueiro milionário).

Essa foto é velhinha, é da época em que eu pintava o cabelo de acaju e
usava óculos escuros e jaqueta preta.

segunda-feira, 3 de maio de 2004

A Dramática Entrada (e saída) do Pepino em Minha Vida

(sem piadinhas, por favor)


Introdução (no bom sentido)

Pepino del Mar é (ou era) uma banda de rock pesado, muito nervosa, porém romântica e cheia de lirismo, com influências das mais bregas personalidades da música popular (e não popular) brasileira e paraguaia, entre outras.
A banda foi criada (recriada, destruída e criada de novo) por Anníbal, rapaz mimado, e competente artista residente em Niterói.

Como entrei no Pepino

No início do segundo semestre de 2003 baixei o MSN e procurei por alguns amigos, encontrei a Luciana e a partir dela o seu irmão, Anníbal. A partir daí nós três passamos a conversar quase todos os dias. Anníbal soube do meu interesse por Literatura e pediu que eu o ajudasse a escolher alguns textos para ilustrar ainda mais o sentimento de sua banda. Antes que eu começasse a pesquisar, Anníbal me convidou para integrar a banda, o antigo baterista estava tendo dificuldade em conciliar os horários da faculdade, dos ensaios da banda, e de sei lá mais o que. Então, em setembro do mesmo ano passei a fazer parte da única banda (que eu conheço) que pertence à classe dos holoturóides equinodermos.

A formação do Pepino

Eu (bateria, percussão, cafezinho e piadinhas ordinárias);
Babu (guitarrista, faxineira e "bode expiatório");
Albérisson (baixo, dancinhas esquisitas, 'strip-tease' e insanidades avulsas);
Anníbal (voz, violão, reclamações infundadas e caretas engraçadas).
Triel (iluminação e comentários impertinentes);
Tinha também o trio de metais: bombardino, trombone e sax.

Quem gostava do Pepino

Anníbal; Babu; eu; Thiago e Triel; O Albérisson, após um ano de ensaios estava começando a gostar; Tem também o Roberto, que odiava a banda, mas passou a gostar depois de ouvir várias vezes o CD e tomar muito chá de cogumelo no SANA.

Quem não gostava do Pepino

Todos que ouviram, exceto os citados acima.

Como saí do Pepino

Menos de um mês antes da data prevista para a nossa estréia, no SESC Tijuca, deu-se o seguinte:
Estávamos a caminho do SESC, eu, Thiago, Anníbal e Triel. Anníbal me enchia o saco (com o perdão da expressão) porque eu não queria carregar sua bolsa. Por mais de cinco minutos ele me torturou com sua imprudente chatice. Enquanto ele me tentava, eu pedia para que ele parasse, tentava me distanciar mais ele colava em mim (e isso deixa qualquer cristão injuriado)... Na calçada estreita da Felipe Camarão ele me empurrava para a rua em direção aos carros...
Minha raiva acabou em um soco apliquei em seu peito... Aí começou a baixaria, ele, passional como sempre, fazia aquela cena parecer briga de namorados, falou um monte, virou e foi embora. Uma semana depois descobri que a banda havia "acabado"...

Considerações finais

Anníbal está tentando formar outra banda pra tocar suas músicas, mas jamais haverá outro Pepino como aquele.
Os três intrépidos sopradores continuaram com ele, assim como o Triel, cuja opção sexual continua sendo um enigma para todos.
Eu, Albérisson e Babu estamos em uma nova banda com o amigo Poti. O nome da banda é Café com Porão.
Tuffos (o lenhador) continua na cidade grande, e sonha um dia voltar para a floresta. Mas ele não tem nada a ver com essa história.