quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mundo Novo

(Córrego da Coruja - São João do Oriente - MG)

Há muita beleza nesse poeirão e nesse mato seco de agosto!
Desde que as águas venham a tempo, a gente aguenta, feliz! Nas águas gosto de ver os pequenos canais que atravessam o caminho. Molho os pés, me refresco, fico olhando a água que corre deliciosamente fria. A luz refratada, as sombras na superfície ondulada, o cascalho no fundo. O sol tocando meu peito, aquecendo tudo na medida certa. Coisas tão bonitas quando a gente pode parar e olhar bem devagar, e sentir...

À tardinha, com o Sol já escondido por trás das montanhas, a caminho de casa pela estrada de saibro, ando descalço pra sentir melhor o chão. As pedrinhas não me machucam mais. Acariciam e massageiam a sola dos meus pés, sinto o efeito em todo o meu corpo. Com as Havaianas nas mãos vou fluindo pela estrada sob a surpreendente luz da Lua crescente. Conectado assim com a energia da Terra, me sinto em plena alegria e paz.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Por que cargas d'água?

Nem sou de dividir essas pequenas e inusitadas questões súbitas e passageiras aqui no blog ou em qualquer ambiente virtual ou real. Mas hoje fiquei incomodado com uma pergunta que nem sei como nem por que me veio à mente. A saber:

Por que cargas d'água as pessoas dizem "cargas d'água"?

Dei uma pesquisada. Podia ter só perguntado ao meu pai filólogo, mas o Google tem uma vantagem que torna inquestionável a sua primazia nessas demandas: se eu me cansar da explicação, é só eu parar de ler e partir pra outra, ou não.

Nem gostei de nenhuma explicação que encontrei, então vou contar do meu jeito simples e resumido que é assim:

"Carga d'água" (volume/massa de água) pode ser uma tempestade forte, grandes ondas no mar revolto, ou fortes correntezas, e na época em que a expressão surgiu (séc. XVI), admitia-se também, subentendido, em última instância, eventos ligados a monstros dos mares.

Às vezes uns portugas partiam para pescar na ilha da Madeira ou nos Açoures, mas por alguma "carga d'água" chegavam ao litoral da Galiza, do Marrocos, ou até de Guiné Bissau. Com muito mais freqüência se perdiam por ali mesmo e desembarcavam em alguma região de Portugal que nunca foi rota nem destino de navegação nenhuma, uns fins-de-mundo ruins de pesca, sem minérios, sem pimenta, sem nenhuma dessas coisas em que os portugueses se amarravam.

Os portugas locais sem nenhuma auto-estima, ansiosos por explicações, pois sabiam que jamais algum navegador ajuizado chegaria até ali propositalmente, somente por imprevistos climáticos (ou ataques de monstros), perguntavam-se:

"Por que cargas-d'água esses gajos vieram parar aqui?"

Compreendeu? Então tá!