quarta-feira, 29 de junho de 2011

Velha morte

Quero morrer!
E nascer só na semana que vem!
Sinto falta da morte em catarse.
Pode ser questão de idade.
Acho que meu próximo fim será lento.
E pode não estar tão próximo assim. Estou resistente.
Definho, definho... depois me recupero, devagar... bem devagar.
Os venenos que me resolviam... agora só me debilitam.
Fico incapaz até de uma morte digna... que me faça nascer mais leve.
Eu quero! Eu preciso!
Mas me sinto velho e cansado demais... pra morrer.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A gente só erra quando tem certeza, né?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Porra, Santo Antônio!

Eu no meu quarto.
Ouço os sinos que anunciam o início da festividade na Igreja de Santo Antônio.
Quem toca os sinos percebe que dá pra tentar em ritmo de funk.
E fica tentando... por uns 15 minutos.

Uns foguinhos.
Começa a festa! Com um...

... Leilão!
“Trinta reais! Quem dá mais? Quem dá mais?”
“Quarenta reais!”
Leiloeiro bem vil. Jeitão de 171.
...
Quadrilha improvisada e uma ‘animadora’ gritando ao microfone.
Prosódia, timbre, vocabulário vulgar.
Bem 'cachorra'. Estilo Furacão 2000.

As horas passam enquanto cinco músicas se repetem.
Só duplo sentido! Assim, ó:

     Fede pra danar, mas é gostoso
     O bicho é feio, é fedorento, é cabeludo
     Mas na verdade
     Todo mundo acha gostoso

- Vai um gambazinho frito aí?
- Claro que não!

     Na dança do cossaco, não fica cossaco de fora

Beleza! Nesse frio não dá pra ficar cossaco de fora mesmo, né!

E a louca grita o tempo todo pra ‘animar’ a festa.
Fim de festa. Fogos! Sem graça.
Mais uma tentativa de badalar um funk.
Uns 15 minutos de tentativa.
Minha impressão é de que “tá dominado, tá tudo dominado”! 
...
Aaaaah!.. Porra, Santo Antônio!
Isso é muito populismo!
Sai dessa! Que decadência!
Desse jeito, no próximo ano a comemoração será com um baile no Salgueiro!

domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados (carta)

Hoje eu queria ter te acordado com beijinhos no rosto, ver seu sorriso se abrindo antes dos seus olhos... o sorriso maior e mais bonito do mundo: o seu sorriso pra mim de manhã. Te abraçar bem gostoso. Curtir sua manha. Tomar um café devagar... docinho. Ouvir seus planos, suas gracinhas, implicâncias. Te aturar, implicar e te dar carinho. 

Gosto de te olhar, observar seu jeito leve, suas curvas. De pé, se arrumando, caminhando. Linda e gostosa! Meu número! Te dar um cheiro... na testa, no rosto... Ver seus desenhos, conversar, conversar, morder. Te agarrar no corredor e ver sua luta interna, sua fraca resistência. Ser envolvido por esses olhinhos pretos tão espertos. 

Queria... quero sempre, carregar metade das suas dores, carregar pra longe! Com alegria! À noite, quem sabe, dividir um miojo, no chão do quarto, ou na cama. Um prato só. Sentir as energias renovadas pra semana que vai começar. Inspirado, feliz! 

Claro que o clima hoje não é pra isso. A realidade é outra. Outros sentimentos. Outra relação. Mas era bom sentir o que eu sentia... Era bom sentir seu amor! Mas vamos nos ajudando, nos adaptando, nos entendendo, nos distraindo, nos alegrando. 

Hoje eu queria dizer que te amo! Amiga da minha alma! Minha grande parceira! 

Eu te amo! 

Feliz Dia dos Namorados!

Meus sonos...

Meus sonos tem sido perturbadores!
Que pessoa angustiada eu me tornei!
Acordo assustado:
"Que lugar é esse?"
Calma, Marcílio! Você está na Terra!
... Ainda!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Falaê, Darwin!

... Existem os animais quadríps, e os animais bíceps!

(Rodrigão Ferreira)

Calor e doçura

Em busca de mais calor e doçura pra minha vida, estou só ganhando peso!

Namorando

Namoro com o vazio
Ao vazio o amor vai...
E volta
Incrivelmente frio

Mudar é difícil

Mudar é difícil!
Abandonar vícios, vaidades, certezas...
Nos dias em que consigo me sinto leve, bonito!
Nos dias em que não, tudo é solidão.
Quero ser menos!


Viagem hipocondríaca

Embarco no ônibus de Muriaé para Dom Cavati cheio de fome com minha marmitinha de apressado. Sento na poltrona 7, ninguém comigo, vou comer e dormir. Duas senhoras nas poltronas da frente retomam a conversa acerca de todas as mazelas de seus idosos corpos. Me esforcei e almocei na boa. 

Tinha uns lugares vagos lá atrás, quando me levantei pra minha fuga veio uma tiazinha falar com o motorista: “Moço! O senhor pode parar em algum lugar pra limparem o banheiro? Já estou passando mal com o cheiro!... Tô enjoada...” Fiquei onde estava. 

As inconvenientes senhoras faziam uma recapitulação das melhores patologias e indisposições que já curtiram. O sono ia me apanhando enquanto eu ouvia toda sorte de nomes de doenças. Cochilei bem. Acho que por mais de hora. Fui despertando com o papo das duas... ainda sem assimilar direito: “blá blá blá, blá blá blá, blá blá meu irmão com ALZHEIMER!” 

Ah! Tá de sacanagem? Acordei assustado com “Alzheimer” ecoando na minha mente e pasmo com o rendimento da conversa. Tá! Me acalmei... Passando por Caratinga, na última meia-hora de viagem, a mais insuportável das senhoras resolve falar dos netinhos: “Tenho seis netos! São UMAS PRAGAS!...”

domingo, 5 de junho de 2011

Saudosismos e Raça Negra

Engraçado como na minha infância e adolescência, e acho que até pouco tempo atrás, eu tinha uns saudosismos loucos. Sentia saudade até da época em que meus pais se casaram. Aí já é demais, né! Eu pensava no casório dos dois: O fusca branco, o terno xadrez cinza em que cabia dois do meu pai, a igreja abarrotada como não se vê mais. E tudo tinha aquele charme das boas fotografias em preto-e-branco. Pelo menos essa era a idéia que eu fazia. Mas hoje não tenho mais esses saudosismos esquizofrênicos. Era um saco. Uma subestimação boba do presente e do real, uma fuga, acho que por não ter a coragem necessária pra viver bem o presente e o real, me refugiava nesse mundinho, e na crença de que no passado tudo era mais legal. Mesmo um passado que eu não conheci. 


Loucura parecida e também muito em voga na minha infância e adolescência era aquela paixonite que a gente inventava, estimulada e sustentada pelas músicas do Raça Negra. Hit novo do Raça Negra, a gente ouvia, ouvia, ficava todo abobado, romanticozinho, com uma sofreguidão louca. E por quem? Ah! Isso decidia-se depois, era a parte mais fácil, sempre tinha uma feiosa cujo charme só a gente conseguia enxergar, ou uma bonitinha que morava meio longe, tipo na Austrália. Ou uma menina sofrida que tinha um pai bem violento que botava o terror. Tanto faz! O importante era inventar uma paixão irrealizável, não mover uma palha pra fazê-la mais viável, curtir essa dolorida distância física ou circunstancial, criando a atmosfera necessária para compartilhar do clima sentimentalóide e dar sentido à música do Grupo Raça Negra. Ê, paixão!