segunda-feira, 6 de junho de 2011

Viagem hipocondríaca

Embarco no ônibus de Muriaé para Dom Cavati cheio de fome com minha marmitinha de apressado. Sento na poltrona 7, ninguém comigo, vou comer e dormir. Duas senhoras nas poltronas da frente retomam a conversa acerca de todas as mazelas de seus idosos corpos. Me esforcei e almocei na boa. 

Tinha uns lugares vagos lá atrás, quando me levantei pra minha fuga veio uma tiazinha falar com o motorista: “Moço! O senhor pode parar em algum lugar pra limparem o banheiro? Já estou passando mal com o cheiro!... Tô enjoada...” Fiquei onde estava. 

As inconvenientes senhoras faziam uma recapitulação das melhores patologias e indisposições que já curtiram. O sono ia me apanhando enquanto eu ouvia toda sorte de nomes de doenças. Cochilei bem. Acho que por mais de hora. Fui despertando com o papo das duas... ainda sem assimilar direito: “blá blá blá, blá blá blá, blá blá meu irmão com ALZHEIMER!” 

Ah! Tá de sacanagem? Acordei assustado com “Alzheimer” ecoando na minha mente e pasmo com o rendimento da conversa. Tá! Me acalmei... Passando por Caratinga, na última meia-hora de viagem, a mais insuportável das senhoras resolve falar dos netinhos: “Tenho seis netos! São UMAS PRAGAS!...”

2 comentários:

  1. É rapaz pragas mesmo, me diverti bastante com o texto e já te adicionei na minha lista de blogs!
    Um abraço!!!

    ResponderExcluir
  2. Legal, Rodrigo!
    Se fosse com você eu também acharia divertido!

    ( :

    ResponderExcluir