terça-feira, 26 de julho de 2011

Sobre hinos e bandeiras


“A dúvida é o preço da pureza 
E é inútil ter certeza” 

(Humberto Gessinger) 


Até pouquinho tempo eu desejava mudar o mundo. O modo como eu desejava fazer isso se modificava, mas eu sempre quis mudá-lo de alguma forma. 

Quando mais novo, pensava até no uso da força. Tipo: matar uns senadores, sequestrar uns empreiteiros. Normal! Coisa de adolescente. Depois comecei a pensar que as coisas aconteceriam sem revoluções ou, pelo menos, sem essas ações imediatistas. Achei que das conversas de bar, nas ruas, a boa vontade e as boas ideias se multiplicariam e se amadureceriam. Armas eu nunca tive, mas tenho boca, ouvidos e olhos. Observei, li, ouvi, falei. Falei demais! Até cansar! 

O sistema está posto. Não é auto-sustentável, mas tem quem o sustente, a muito custo, à custo da massa condicionada, da saúde dos sistemas ecológicos. As engrenagens não param! 

Alegre e aliviado posso dizer sem orgulho e sem vergonha: Eu desisto! Há alguns meses comecei a adotar e desenvolver uma postura de "egoísmo sustentável". Creio que é preciso manter o foco em si e poupar a si mesmo dos julgamentos precipitados em relação ao próximo e ao pensamento comum. Em regra, todos os julgamentos dessa natureza são precipitados.

Talvez seja preciso analisar, mas que seja uma análise constante, sempre revista, sem objetivo de definir. Definir é limitar. E limitar a concepção dos fatos, reduzindo o universo das possibilidades, da complexidade da vida, da psique oculta por trás do comportamento de alguém, limitar isso ao nosso entendimento das coisas seria arrogância. Ser duro assim com o mundo, com as pessoas, é um autoflagelo, sem qualquer proveito. Sejamos suaves! 

Não dá pra bater de frente. Nesse sistema nós valemos tanto quanto um animal de corte. Talvez menos. Somos descartáveis.

Na busca do bem estar, a única solução saudável que imagino, é me manter à margem. Tentando não ser uma parte ínfima de um exército inconsciente, força motriz dessas engrenagens, tampouco forçando contra, correndo o risco de ser esmagado entre suas rodas dentadas. Quero só estar por fora, na boa! Quero ser um marginal! Feliz, como só é possível ser estando fora dessa roda viva. Podendo observar quando quiser, com distância calculada. 

“seja marginal
 seja herói” 

(Hélio Oiticica) 


Quero ser o marginal que cuida de si, pra ser um homem tranqüilo! Ser bom nas relações... Bom irmão, parceiro, pai, vizinho, amigo... Bem relax! Quero ser o meu leve herói! Sem cantar hinos, nem queimar bandeiras.

Só... 

5 comentários:

  1. Olha, tive a incrível sorte de ter você nos visitantes recentes do meu orkut e acabei vindo parar aqui, tudo que posso dizer é que você está de parabéns pelo riquíssimo conteúdo do blog, adorei o modo como você escreve e vou sempre passar aqui pra dar uma lida viu? Boa semana!

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  2. O inicio logo me chamou atenção por ser um trecho de uma musica que eu adoro, e ao longo do texto fui me identificando com seu ponto de vista até por que divido com você a mesma opinião que você expressa tão bem nesse post.
    Parabéns

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  3. Achei o nome do blog super criativo !!!
    Muito bem escrito o post, inclusive tenho uma opinião bem parecida com a sua ...

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  4. Nossa, li aqui uma frase minha "definir é limitar". Gostei, xu, gostei mesmo.
    =D

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