terça-feira, 16 de abril de 2013

O subsídio da miséria

Essa história de preço alto do tomate e outros frutos rendeu várias piadinhas.
Mas, será que isso é engraçado mesmo?
Você parou pra pensar que a história pode ser muito séria e que a mídia não quer nem desenvolver nem deixar que desenvolvam o assunto (o verdadeiro assunto)?
A saber:
Quando o preço de um produto agrícula fica alto significa que os a grande maioria dos produtores perdeu aquela colheita, ou até mesmo a lavoura inteira, ou pelo menos não está conseguindo colher em quantidade. Isso gera sérias dificuldades financeiras e, a longo prazo, abandono do campo pelo pequeno produtor, que pode vir a ser um novo miserável na cidade, pra aumentar a densidade demográfica da favela, e ser mais um pretenso trabalhador sem nenhuma qualificação que possa servir pra alguma coisa na cidade (a despeito de ser um profissional experiente no campo).
As questões que isso pode levantar estão diretamente ligadas ao Estado. A principal, pra mim, é o subsídio para produtores rurais! Quem produz alimento precisa de incentivo, precisa de medidas econômicas justas para equilibrar a renda. Quem sabe meio salário por hectare produzido? Que seja um terço. Já seria bom! Claro que o cálculo tem que ser mais elaborado que isso, mas é por aí. E haveria um teto, é claro, próximo do piso! O produtor receberia se cumprisse todos os estágios da produção, sempre visando a sustentabilidade, e resguardasse sua respectiva área de proteção ambiental etc.
O governo dá todo tipo de bolsa eleitoreira! Tem uma população carcerária imensa, crescente, e cara! A grande maioria desses presidiários poderiam ser camponeses dignos se o mote do Estado fosse a justiça social.
Além de subsídio, o produtor precisa de informações de qualidade! Visitas regulares de técnicos e engenheiros pagos pelo Estado. Cursos presenciais e à distância.
Mas... será que os donos do Estado querem isso? Será que eles querem que exista pequenos produtores rurais realmente produtivos, capazes de nos nutrir e abastecer (nos tornar abastardos) de todo tipo de coisa que sua terra possa prover? Afinal, em grande quantidade, esses pequenos produtores competem com os grandes fazendeiros, com suas gigantescas fazendas com máquinas de centenas de milhares de dólares e empregados mal pagos pras atividade que exigem braços e pernas e sutilezas humanas. E de que valerá o investimento nas grandes máquinas, grandes galpões, e nos grandes lobbys que lhes pemitiram destruir, com fogo e mais máquinas, imensas florestas com toda a icomensurável vida, infinitamente valiosa vida que havia nela?
Os donos do Estado precisam de muita gente aqui na cidade, disputando as misérias, e pouca gente lá na roça, multiplicando e distribuindo as riquezas.

Um comentário:

  1. Uma outra forma de incentivar o homem do campo é começarmos a migrar para campos inférteis, de preferência em locais onde a mata atlântica foi devastada (aqui no estado do RJ tem mta área degradada barata), e reprogramarmos o local com espécies originárias, montando uma agrofloresta num ambiente sustentável. Com a floresta, o fluxo de água dos lençóis freáticos aumentará, elevando o nível d´agua nos poços artesianos. Os vizinhos farão o mesmo, e assim preservaremos o pouco q restou da mata atlântica, mostrando que a terra é o caminho da vida, que dá origem as águas e aos alimentos puros.

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