sexta-feira, 11 de julho de 2014

A televisão me deixou inteligente! Muito inteligente demais!

A televisão, as pessoas, os livros, discos, quadrinhos... De tudo tirei proveito e tiro. Dá pra aproveitar a TV, desde que você não seja um telespectador passivo, como quase todos são. Ligam no jornal, por exemplo, e acreditam em tudo. Mas no jornal só tem notícia ruim e mentira. E tudo é transmitido da maneira mais tendenciosa, mais ardilosa. Realmente o melhor é não ver, manter-se fora dessa sujeira. Alguns desenhos animados são quase tudo o que presta na programação. Praticamente é onde se concentra a crítica, onde há exposição de paradigmas, é onde há mais apelo à inteligência. Existe um abismo imenso entre a seriedade de "Os Simpsons" e a de qualquer telejornal brasileiro, por exemplo. Um é sério (no melhor sentido) e brinca expondo argumentos, fala verdades brincando, o outro é canastrão, forja uma imagem de seriedade proclama-se imparcial, necessita afirmar constantemente sua credibilidade, fala mentiras como se fossem verdade, usando ternos alinhados, empostação, expressão facial, corporal, constante auto-promoção... Mas, é tipo assim: Jornal Nacional não é sério, "Bob Esponja" sim. É por aí! Se der pra excluir Globo, Band, SBT, Record e companhia das suas vidas, será um belo avanço!

Mas há coisas boas! Há muito mais verdade nos 'absurdos' de "A Hora da Aventura", há muito melhor argumento e enredo em "American Dad", "The Cleveland Show" ou "Uma Família da Pesada" que em qualquer novelinha. Há incalculavelmente mais coragem e profundidade no tema central de "Futurama" e no seu desenvolvimento, do que em quase todos os programas de cunho antropológico, filosófico. A saber: o tema é a estagnação da humanidade em uma (na melhor das hipóteses) mediocridade cognitiva, psicológica, intelectual, cultural... Faz-se uma projeção da sociedade daqui a 2000 anos, e nessa projeção somos a mesma bela porcaria de sociedade, com as mesmas estruturas de poder, mesmas relações mal desenvolvidas, mesmas questõezinhas morais, mesma falta de profundidade nas questões éticas, os mesmos tipos de indivíduos que tínhamos 2000 anos atrás e somos hoje. Se há algum avanço, tratamos de eliminá-lo!



A veiculação da produção cultural em geral é uma merda! O que é transformador é censurado (não oficialmente, porém ostensivamente)! Minha impressão é de que há uma brecha maior quando se trata de desenhos animados. Faz-se coisas muito boas em cinema, mas precisamos garimpar tanto, que dá até preguiça, e muitas vezes acabamos assistindo algum filminho babaca, até na esperança de sermos surpreendidos!

Vou nem falar da música!!! Os monopólios são extremamente eficientes em inviabilizar uma boa circulação de arte nessa área.

Formar um olhar crítico, aprender a ler uma obra, ler no subtexto, iniciar-se na prática do transe através da arte fica cada vez mais difícil. É tão pouca coisa boa, perdida em um mar de boçalidade, que não ser medíocre já tá me parecendo bastante heroico. Mas há coisas boas, que marcam muito de maneira muito positiva! Me sinto feliz e grato quando me deparo, na TV, com uma obra que me ajuda a expandir a consciência, a sensibilidade.


Ressalto de passagem e aleatoriamente alguns artistas e obras televisíveis que me vem à cabeça agora: os irmãos Wachowski de "Matrix" (uma densa e muito construtiva epistemologia), e do inspirador "V de Vingança", com produção dos irmãos Wachowski, direção de James McTeigue, baseado na série de quadrinhos de Alan Moore; "Uma Garota Diferente", o filme mais gostoso que vi nos últimos anos com aquela atuação irretocável da lindinha Danielle Catanzariti; os produtores e o trio de atores de "As Vantagens de Ser Invisível", especialmente Ezra Miller que podia ser hollywoodiano, mas preferiu ser bom mesmo (em "Precisamos Falar Sobre o Kevin" ele também é demais, e é um ótimo filme!). "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", com uma revalorização dos sentidos muito envolvente. Fernando Meirelles, que marcou muito com "Cidade de Deus" e "O Jardineiro Fiel", e "Castelo Rá-Tim-Bum" e outras coisas muito boas, "Ensaio Sobre a Cegueira" etc. "O Escafandro e a Borboleta", e alguns filmes bizarros que me surpreenderam na madrugada. Ah! Gosto do "Café Filosófico" e de "Provocações" com Antônio Abujanra.

A televisão é um meio incrível! A elite é que nos deixa muito burros demais, através da TV, das religiões, do sistema educacional etc.

Comentem! Deixem sugestões de filmes, desenhos, músicas... Agradeço!

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