sexta-feira, 10 de maio de 2013

Olhos de gente grande

Quando olho pra minha infância e comparo, percebo sobretudo a diferença nas cores. Realmente as cores eram diferentes, aquelas eram outras cores, quase tudo a minha volta tinha um tom bem bonito de terra, e eu ficava fascinado com todos aqueles contrastes novos, que só podia ser obra de um gênio ou do caos, e essa dualidade é que me deixava curioso, me instigava, e me deixava em êxtase contemplativo! Era arte! Podia ficar horas só olhando! Olhando o que? Apenas olhando! Adorava o sol, tudo brilhava com tanta força, e as sombras e luzes e reflexos sobre qualquer cor me causavam forte impressão. Na minha casa sempre houve muita planta, era muito legal ver os raios de luz passando entre folhas. Tudo parecia um sonho. Na área de paredes amarelas, uma palmeira, o tanque de cimento, o piso vermelho, a pele marrom, a camisa azul, a água, e dentro da água luzes e sombras eram quase sólidas.  Parece que naquela época o sol invadia mais e com mais força a nossa casa... Mas, não é a verticalização da cidade, é a minha retina acostumada mesmo, meu olhar cansado. Meus olhos bobos de adulto.

2 comentários:

  1. Lembrei do campo, dos córregos, do gramado infinito com flores rasteiras e os raios de sol infiltrando em meio a tudo.

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